No último post tocamos superficialmente no tema da depressão em crianças. Hoje quero esmiuçar um pouco mais essa questão. Quando se fala no assunto a primeira pergunta que as pessoas fazem é: mas depressão não é “coisa” de adultos e adolescentes? Não é. A depressão é uma doença que tem causas genéticas, sociais e psicológicas e atinge quase 300 milhões de pessoas em todo o mundo de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Portanto não depende de idade, classe econômica ou questão cultural. É uma doença extremamente “democrática”, por assim dizer.
Se nos adultos e adolescentes há grandes dificuldades para identificar a depressão, nas crianças o trabalho para se chegar ao diagnóstico não é menor. Por ainda estarem em formação biológica (crescimento físico e hormonal) e formação social, as crianças não conseguem saber o que é delas, o que são sentimentos passageiros e o que são desconfortos que podem indicar algo mais grave. Mesmo que saibam que há algo errado, nomear e expressar o que sentem são tarefas extremamente complicadas nessa idade.
Bom, mas então como podemos identificar a depressão em uma criança? Apesar de reiterar que essa é uma doença de difícil percepção pelos pais e profissionais da saúde, alguns indícios podem servir de alerta para que se chegue à suspeita de que se trata de depressão infantil. Uma criança retraída, que não quer brincar, ou que se mostra entediada com situações que deveriam estimulá-la pode estar com depressão. Uma criança que sente muita vergonha, que tem repetidamente sentimentos de culpa ou que demonstra baixa autoestima e descrença em si pode ter depressão. Da mesma forma, dificuldades para dormir, ansiedade, irritabilidade, dificuldades de aprendizado e concentração podem ser indicativos de quadro depressivo. Importante lembrar: podem ser indicativos de outros quadros também ou de quadro algum, razão pela qual é fundamental contar com uma avaliação de um psicólogo e/ou psiquiatra.
Se chegarmos à conclusão de que essa criança tem sim depressão, iniciamos o tratamento que unirá técnicas terapêuticas e medicação. Importante dizer isso: há tratamento e há cura! Não é necessário conviver com esse quadro a vida toda! E mais: é importante tratar! Uma criança que apresenta depressão provavelmente terá quadros mais graves da doença quando chegar na adolescência ou na fase adulta. Por outro lado, tratamentos precoces permitem qualidade de vida, cura e possibilidade de que essa criança se desenvolva como seria de se esperar.
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