Hoje queria compartilhar com vocês uma experiência fantástica que tive. Há cerca de 15 dias participei da Autismo Conference Brasil, organizada pela psicóloga Mayra Gaiato, uma das referências no assunto.
O evento era destinado a profissionais da saúde, como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros. Ou seja, pessoas familiarizadas com o tema. O que mais me chamou a atenção, porém, é o quanto pudemos aprender em dois dias!
Dentro da Autismo Conference, a própria Mayra Gaiato falou de forma mais detalhada sobre o uso do modelo Denver no tratamento do autismo. Para não me alongar demais na explicação,o modelo Denver procura estimular comportamentos nas crianças autistas. Diferentemente de outras abordagens, no entanto, aqui o paciente “comanda a terapia”, uma vez que a observação do profissional da saúde sobre os interesses e comportamentos daquela criança é que norteará o processo. Por exemplo: se em uma brincadeira ela estiver colocando bonequinhos dentro de uma sacola, o terapeuta deve participar dessa brincadeira e não propor outra. É a criança que comanda, do jeito dela. Só assim será possível estabelecer uma interação positiva e um vínculo. A partir desse processo é que passamos a trabalhar as funções e os comportamentos que queremos.
Na teoria tudo certo, mas e na prática? Pois é! A Mayra levou algumas crianças autistas para que os profissionais que participavam do evento pudessem aplicar essas técnicas e eventualmente receber um feedback ou algumas orientações para que futuramente pudessem fazer sozinhos a aplicação do modelo. Posso dizer que não foi fácil e que houve dificuldades mesmo para quem sabia o que fazer em cada uma das situações! Mas quando deu certo… Gente, sem palavras! Foi fantástico!
Ver uma criança que não interagia de jeito algum, que sequer olhava para a profissional e que tampouco escutava o que ela estava propondo, de repente enxergar aquela pessoa, entender e sorrir de volta… Que emoção!
Pra mim também ficou muito claro o seguinte: se fizermos a aplicação certa do processo terapêutico, não há paciente mais difícil ou menos difícil. É questão de entender o que funciona para cada um!
Outra coisa importante e sobre a qual não há discussão: como mexemos com as sinapses e desenvolvimento cerebral no tratamento, quanto mais cedo começarmos, melhor será! No caso de crianças, seis meses fazem toda a diferença! Um tratamento para uma criança de 2 a 3 anos funciona muito melhor do que o de uma criança a partir dos 5 anos. Fico pensando na quantidade de pais que estão perdendo tempo pensando em aguardar, em buscar outras possíveis causas para o que eles veem no dia a dia… Confesso: me deixa aflita!
Para mim essas crianças pequenas estão com uma bomba-relógio pendurada no peito. Não há tempo a perder! Não há cura para o autismo, mas é possível sim sair do espectro.
Inclusive gostaria de reforçar a importância desse trabalho que a Mayra Gaiato tem feito. Em junho haverá um evento semelhante a esse que participei, mas aberto aos pais, enquanto em outubro ela fará uma nova atividade com os profissionais da saúde. Vale conferir no site da Mayra!