Alfabetização na hora certa

Hoje temos uma participação especial aqui no blog! Conversando com a Maria Teresa Domingues, fonoaudióloga do Grupo Can, pensamos em falar sobre alfabetização. Ela logo lembrou de uma coluna da psicóloga Rosely Sayão no jornal Folha de São Paulo que trazia uma crítica sobre a pressa ou ansiedade dos pais para que as crianças aprendessem logo a ler e escrever. Essa vontade, porém, não necessariamente traz benefícios e pode até ter consequências negativas.  

A questão é que às vezes achamos que as crianças estão em uma corrida por aprendizado desde que nascem. No que se refere à alfabetização, essa ansiedade faz com que muitas crianças acabem sendo excessivamente estimuladas a ler e escrever por volta dos quatro ou cinco anos de idade. Isso, no entanto, não necessariamente se configura como aprendizado.  A bem da verdade, pode ser inclusive prejudicial no longo prazo!

Por conta dessa pressa para ver a criança lendo e escrevendo rapidamente, vários pais buscam preencher as horas livres dos filhos ainda pequenos – fora do período de alfabetização – com aulas particulares ou sessões com psicopedagogas.Eles acreditam estar ajudando e facilitando no processo de alfabetização, mas na nossa experiência vemos que muitas dessas crianças quando chegam aos 7 anos – idade de alfabetização – acabam apresentando bloqueio emocional para aprender, comportamento opositor, desatenção, ansiedade e até mesmo lacunas cognitivas provenientes do salto forçado de etapas de desenvolvimento.

Com quatro ou cinco anos de idade a criança tem que saber brincar, fazer aulas de música, esporte, entre outras atividades. Não só para o divertimento delas, mas também porque são práticas essenciais na formação e no aprendizado. Por isso, acreditamos que mais importante do que “correr” para ler e escrever é que a criança aprenda, desde pequena, o quão divertido e prazeroso pode ser ler um livro, criar uma história, brincar com bonequinhos, inventar diálogos, etc.  Os pais, aliás, devem participar desses momentos. Eles podem contar histórias, imitar a voz dos personagens, fazer barulhos de animais, brincar de faz de conta, dar livros interativos e com imagens… Todas essas atividades  são importantíssimas para o desenvolvimento das funções cerebrais, o que vai preparar as crianças para que elas, num segundo momento, estejam prontas para o processo de alfabetização.

Além disso, todas essas atividades e brincadeiras são oportunidades de criação e fortalecimento de vínculos afetivos com os filhos, o que traz enormes benefícios no futuro.  Em vez de tornar o aprendizado maçante e opressor, estaremos trazendo bem estar, amor, diversão e estímulos das mais variadas naturezas para que essa criança sempre queira buscar novos conhecimentos.  Ela vai associar o aprender com algo bom e prazeroso e não com as sensações de obrigação e pressão. 

Importante: Não se trata de deixar para lá a alfabetização, mas sim de não colocarmos pressão demais desde cedo em crianças de quatro ou cinco anos. Elas nem sempre estão prontas para esse aprendizado. Sim, é essencial acompanhar o desenvolvimento da criança, mas, em caso de dúvida, devemos recorrer a profissionais capacitados para dizer se há dificuldades ou se está correndo tudo bem. O que não pode acontecer é o pai ou a mãe se basearem em outras pessoas ou nas próprias convicções para empurrar a criança em um processo que pode ser desgastante, pouco produtivo e até mesmo danoso para a saúde dela. 

Gostaram?  Ficaram com dúvidas?  Comentem!  😉