Sobre isolamento social em tempos de quarentena
Olá! Como estão? Mantendo o isolamento social? Lavando as mãos?! Espero que sim! Juntos vamos vencer esse momento complicado!
Aliás, sobre isso, queria compartilhar com vocês a entrevista que dei para o jornal O Estado de São Paulo. Pude contribuir com a minha visão sobre o isolamento na reportagem do Heitor e da Sílva Reali sobre os pesquisadores que trabalham na Antártica! A situação desses pesquisadores é bem parecida com a que estamos vivendo agora, com o agravante de que eles estão longe da família, no gelo e com noites que duram mais do que dias!
Fica aqui pra vocês lerem a matéria toda e a minha contribuição lá no finalzinho!
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Quem melhor pode ajudar na compreensão de isolamento do que os pesquisadores antárticos?
Heitor e Sílvia Reali
03 de abril de 2020 | 11h04
Escuridão total durante quatro meses, inverno extremo, confinamento intenso em ambiente fechado por um longo período de tempo. Quem viveu tal experiência, como os pesquisadores antárticos, pode nos dar suporte em nosso atual isolamento.
Em nossa viagem ao continente antártico, visitamos a estação polonesa Henrik Arctowski, na ilha Rei George que fica apenas 10 km da estação brasileira Comandante Ferraz. Na estreita sala uma jovem curtia os tênues raios de sol que atravessavam a janela. Me aproximei só para puxar conversa. Ela se apresentou como Irena, bióloga marinha. Curiosa eu quis saber há quantos meses estava ali e como passava o tempo.
“Estou aqui há 11 meses. Trabalho muito, sempre ouvindo música e quando não tem ninguém espiando, deixo o microscópio e danço. Leio, medito, testo receitas com os ingredientes de que dispomos aqui, fotografo o gelo, o gelo, o gelo…. Também estou escrevendo um diário e faço um curso de italiano on-line. Isso tudo sem contar projetos novos que nem tive tempo de começar. Por isso já decidi, vou pedir para prorrogar minha estada aqui por mais um ano”.
Naquela tarde nem poderia imaginar o quanto suas palavras são úteis hoje nessa minha reclusão. Então busquei mais referências sobre as dicas da Irena.
Música: Em locais isolados é fácil perceber o poder da música. Um exemplo? Em 1914 quando o navio de Ernest Shackleton, preso no gelo da Antártida se despedaçou, ele disse aos tripulantes que cada um só poderia embarcar nos botes salva-vidas com bagagem de dois quilos apenas. Mas autorizou o meteorologista a levar seu banjo de 10kg, dizendo: “É um remédio vital e precisamos dele”.
Leitura: Livros têm papel importante na criatividade de quem está isolado. E aí vale de gibis a tijolões literários. Me recordo que outro pesquisador presente em nossa conversa com Irena, acrescentou. “Livros de poesia. Porque poemas também são ótimos para decorar e recitar quando o baixo astral pega pesado. E mais, gosto de recriar na imaginação uma viagem que me trouxe alegria.”
Escrever um diário: Os dias tendem a ser monótonos em confinamentos. Nada melhor do que um diário para desabafar nossos sentimentos.
Jogos e internet: Passatempos como jogo de xadrez ou cartas, e assistir documentários ou filmes, são bem-vindos.
Comida: O que esperar da próxima refeição em um confinamento? Enlatados? Que tal bolar receitas a quatro mãos ou mais? Vale saber que a melhora da comida reflete uma transformação social profunda.
Para a psicóloga Juliana Dreyfuss é importante manter a mente ocupada, pois a situação de isolamento, sem liberdade, separados dos familiares, sem nenhum relacionamento social, pode gerar depressão. Outro perigo é o distanciamento da realidade, caso do personagem Chuck Nolland (Tom Hanks) no filme “O Náufrago”, que virou um clássico na sociologia.
Dreyfuss elenca ainda a oscilação de humor, tristeza, aumento da sonolência e desatenção.
O fato de não poder olhar para fora, faz a pessoa olhar para dentro, e nesse caso a espiritualidade e a meditação são bons aliados.
Enfim, ficar em casa pode trazer um enriquecimento duradouro para toda a vida.