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Trabalho integrado nas escolas

Já falamos em alguns posts do blog sobre o desenvolvimento das funções cerebrais nas crianças e adolescentes e de como eventuais dificuldades podem ser tratadas partindo de avaliações, como a escala Bayley ou uma bateria completa de testes (avaliação neuropsicológica), e resultando em intervenções, como a habilitação neuropsicológica ou sessões de fonoaudiologia, por exemplo. Hoje queria falar mais especificamente das questões que vão aparecer quando aquela criança ou adolescente estiver na escola!

Primeiramente, é fundamental entender que, na maioria das vezes, as dificuldades dos alunos são sintomas e não causas. Se uma criança não consegue ir bem em uma prova de matemática, por exemplo, não significa necessariamente um desconhecimento sobre aquele conteúdo. Pode ser uma dificuldade de entender um enunciado, de se concentrar naqueles minutos do teste ou mesmo de colocar de maneira adequada as respostas no papel.  Nesse cenário, de pouco adiantaria uma aula de reforço de matemática. As causas são outras! Mas quais?

Aí entra o nosso trabalho! Como já contei em outras oportunidades, a partir da avaliação neuropsicológica somos capazes de saber se essa criança ou adolescente tem alguma alteração nas funções cognitivas (atenção, memória, processamento viso-espacial, linguagem, etc) e quais são as suas habilidades, ou, como eu costumo dizer, quais “janelas” estão fechadas e quais estão abertas.  A partir desse processo de identificação, começa o trabalho; na clínica, em casa e na escola!

A integração é essencial! Por isso, além do diálogo com a família e com o paciente, costumamos visitar as escolas para conversar com os professores  e coordenadores sobre questões que percebemos e também para ouvir sobre dificuldades que eles têm visto. A partir desse diálogo tentamos chegar a ideias e soluções para melhorar a vida da criança ou adolescente. 

Recorrendo de novo ao exemplo do aluno com problemas em matemática: se identificarmos que há uma questão cognitiva envolvida, podemos pensar junto com o professor sobre alternativas na hora de uma prova escrita, por exemplo. Ele pode ler as questões junto com o aluno, pode realizar uma prova oral, pode sentar o aluno na frente da sala ou longe de eventuais distrações, pode elaborar um roteiro para que aquela criança saiba um passo a passo do que deve fazer naquele dia… Enfim! O que pudermos pensar e fazer juntos para tentar driblar essas dificuldades enquanto os tratamentos estão sendo realizados. Dessa forma o aluno vai conseguir ser avaliado pelo que realmente sabe daquela matéria e não será prejudicado por conta dessas alterações diagnosticadas. 

Não se trata de corrigir o professor, de culpar a escola ou de intervir em processos didáticos específicos. Não é isso que fazemos! O nosso objetivo é ajudar! Sabemos que nem todas as nossas sugestões são viáveis e valorizamos demais o conhecimento que só quem está no dia-a-dia é capaz de ter! O que acredito é que por meio dessa troca de ideias, conhecimento e experiências todos saem ganhando. O professor e coordenador terão alunos mais interessados e capazes. A família vai ficar segura de que a criança está aprendendo e tendo boas experiências no ambiente escolar. Nós vamos saber quais são as dificuldades para podermos trabalhar melhor nas nossas sessões e o paciente, por razões óbvias, vai ter mais qualidade de vida.

Vale ressaltar ainda que trata-se de um processo! Depois da primeira conversa, voltamos a nos reunir para saber como têm sido o progresso e o que podemos tentar fazer diferente. Se tudo está indo bem, seguimos acompanhando de forma mensal, bimestral ou semestral. A ideia é simples: trabalho, feedback, correção e mais trabalho! 😉

Gostaram? Têm dúvidas?  Comentem!