Consequências psicológicas do TDA(H)
Já falamos sobre os sintomas, as causas e as consequências do transtorno de déficit de atenção (TDA), sem ou com hiperatividade (TDAH), mas há uma parte importantíssima sobre esse tema que gostaria de tratar aqui hoje: como se sentem e pelo que passam as pessoas que sofrem com essa dificuldade, sobretudo antes de terem o diagnóstico e começarem o tratamento.
Como ainda desconhecem os motivos que causam o desempenho ruim na escola, a irritação, a impulsividade, a desorganização, etc, muitos fazem relações equivocadas sobre os porquês de agirem e se sentirem assim. Em relação à escola e às questões relacionadas ao aprendizado, é muito comum vermos crianças que se “sentem burras” por não conseguirem seguir o ritmo das aulas ou por não serem capazes de se concentrar na hora de uma prova ou atividade em grupo.
Os relacionamentos e a vida social também são impactados na medida em que a agitação, a falta de percepção do outro e a dificuldade de prestar atenção ao que é dito são muitas vezes interpretados como desrespeito, falta de educação ou comportamento inadequado, o que faz com que as pessoas que sofrem de TDA(H) se sintam incompreendidas e solitárias. Há ainda questões individuais, por assim dizer, como a dificuldade para dormir, a incapacidade de se concentrar em uma leitura ou em ver um filme, de fazer uma viagem de forma tranquila e prazerosa, a frustração por não conseguir se organizar, por estar sempre atrasado, entre outras.
Pouco a pouco as dificuldades vão formando o modo de vida dessas pessoas, ao mesmo tempo em que elas criam uma imagem equivocada delas mesmas. Como não entendem os verdadeiros porquês e recebem muitos retornos negativos em seu dia a dia, elas tendem a achar que de fato são inadequadas, incapazes, de pouca inteligência, sem consideração pelas demais, etc, quando na verdade tudo isso é fruto do TDA(H). As consequências emocionais desse “engano” são gravíssimas e na prática muitos guiam suas vidas sob essas falsas percepções, buscando de forma consciente ou não situações já “conhecidas” de inadequação, alienação, auto-sabotagem…
É por isso que em geral há um sentimento de alívio quando chegamos ao diagnóstico de TDA(H). Parece que essas três ou quatro letras dão sentido a toda uma vida ou a tantas frustrações sentidas! Claro que essa é só a primeira parte do trabalho, posto que a partir do diagnóstico vem o tratamento – medicamentoso ou não – e a árdua tarefa de mudar comportamentos e percepções. Ressalto também que nem sempre o transtorno é responsável por tudo que essas pessoas passaram e, às vezes, sequer se trata do transtorno propriamente dito, como já dissemos no último post. De toda a maneira, buscar os porquês e entendê-los é sempre salutar!
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