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É importante falar sobre suicídio

Estamos em setembro, mês da campanha brasileira de prevenção ao suicídio. Por isso gostaria de falar novamente sobre esse tema, que é extremamente importante e que ganha ainda mais relevância nesse nosso contexto de pandemia do novo coronavírus.

Isso porque aumentou muito a quantidade de pessoas que estão enfrentando dificuldades físicas e psicológicas devido ao isolamento social, ao medo de ficar doente, à frustração pelos planos adiados, à dor de perder um amigo ou membro da família, etc. Para muitas pessoas esse tipo de dificuldade pode parecer muito distante da ideia de tirar a própria vida, mas não é bem assim! Porque para quem sofre com a depressão, para quem enfrenta uma dor gigantesca, para quem não vê saída para os problemas, os pensamentos suicidas parecem coerentes. Essas pessoas acham que essa é a única solução. E não é! Realmente não é. É por isso que precisamos falar sobre! Para conscientizar as pessoas de que essa não é a solução. Que é possível sim melhorar a qualidade de vida e sair desse momento ruim ou dessa situação complicada.

Infelizmente ainda há preconceito, há inibição e há a ideia equivocada de que falar sobre suicídio é “estimular” ou “dar ideia” para quem está sofrendo. Nada disso! Ninguém vai apelar para uma solução tão drástica como tirar a própria vida só porque ouviu falar sobre. Pelo contrário! É por não falar sobre que a pessoa acha que os problemas dela não têm solução e que tirar a própria vida é o caminho. É por sentir uma dor absurda - que elas acham que nunca vai passar - que essas pessoas apelam para isso.

E já que é para elas falarem sobre, também é importante que as pessoas ESCUTEM o que elas têm a dizer. Às vezes as intenções podem ser as melhores possíveis, mas dizer coisas como "você precisa olhar para o lado bom da vida” ou “rezar” ou "arrumar um hobby" não ajudam e inibem a pessoa a falar sobre. Por quê? Porque comentários do tipo dão a entender que o problema da pessoa é uma bobagem, ou que ele é simples de ser resolvido. Em vez de se sentir acolhida e de ter vontade de falar, a pessoa se sente tola e desiste de explicar. Por isso dizemos que o mais importante é escutar e não julgar.

A partir do que for dito é possível ajudar, seja com uma palavra acolhedora (sem minimizar os problemas), seja sugerindo uma consulta com um psiquiatra ou psicólogo ou ainda falando sobre o CVV, o Centro de Valorização à Vida, que atende por e-mail, chat, Skype e pelo telefone 188. Vou colocar aqui alguns sinais que merecem atenção especial quando estivermos falando de pessoas que podem estar passando por um grande sofrimento psicológico ou que podem estar pensando em suicídio:

– Quando alguém diz que quer se matar ou que está muito cansada para seguir em frente

– Quando a pessoa se isola e falta ao trabalho ou escola repetidas vezes

– Quando alguém se mostra desinteressado das coisas que normalmente gostava, ou demonstra agressividade fora do normal

– Quando há mudanças na alimentação (pessoas que passam a comer mais ou menos) e no sono (dormir mais ou menos)

– Quando a pessoa usa as redes sociais com postagens enigmáticas ou quando começa a curtir e compartilhar conteúdos sobre solidão, tristeza, depressão e suicídio